Esta não é a história do cão que vem à chamada, senta e deita, da pelagem que melhorou com a segurança do treino ou bonita estrutura que ganhou com mais exercício e alimentação guiada pelo Sr. João. Tudo isto é verdade, faz parte da transformação da Sissi e tem um valor incalculável, mas é sobretudo uma história de um cão com família mas sem “dona” e se hoje sou “dona” da Sissi, devo-o ao Sr. João.
A Sissi começou por ter treino básico noutra escola com 5-7 meses, que vi funcionar com muitos dos donos que lá estavam, mas que não funcionou comigo. A cada semana que passava, a minha ansiedade aumentava por sentir que falhava eu e a cadela, sentia que todos os cães eram fáceis e a Sissi um terror. Ao fim de algumas semanas, com progresso limitado, mas sem consequências de maior, acabei com os treinos, com a ansiedade e fechei os olhos ao problema. Passado 1 ano, o problema estava com 25 kg e mais forte do que eu. A Sissi rapidamente desligava e a cada mês ficava mais dominante e reactiva. Estávamos as duas numa espiral da qual não conseguíamos sair, quanto mais eu me chateava, menos a Sissi respeitava.
Num dia em Setembro de 2017, telefonei ao Sr. João depois de ver a página da Caniroa, expliquei a situação e de imediato me disse “Traga a cadela à Quinta”. Recebi as indicações e à hora marcada, lá estávamos. Pegou na Sissi pela trela e… Espanto… A Sissi não puxava. Acho que este espanto é comum a todas as pessoas que têm e tiveram o privilégio de conhecer o Sr. João e de o ver trabalhar. Em menos de 5 minutos ficava claro que o problema não era a cadela e portanto o desafio era ainda maior. Vi o Sr. João receber cães com alguma agressividade nos treinos e ver a sua recuperação é motivante. É francamente mais rápido recuperar um cão do que “fazer” um dono.
Cadela Dobermann “Sissi” testemunho da sua dona
A Sissi começou em regime de internato, ficava na quinta com o Sr. João, nos fins de semana tínhamos treino e depois passava o fim-de-semana em casa. Na mão do Sr. João mostrou ser extremamente obediente desde o início, hoje quando o Sr. João exemplifica alguns exercícios no Parque das Nações, chegam a juntar-se pessoas para assistir. Mas para quem lê, não imagine que seja tão fácil como entregar o cão ao Sr. João e receber um cão treinado. O orgulho que tinha (e tenho) de ver a Sissi conduzida pelo Sr. João era proporcional à frustração de ter um cão completamente diferente na minha mão. A Sissi sabia o que lhe pedia, mas tive que aprender a pedir-lhe com a incansável ajuda do Sr. João, boa disposição e sensibilidade para saber quando cão ou dono precisam de intervenção. A incerteza do “faz às vezes”, a teimosia do “fiz igual e agora não funcionou” não são mais do que a face visível do que faço errado ou diferente, quase sempre sem saber, mas que cão sente e o Sr. João vê.
O Sr. João ensinou-me muitas coisas, corrigiu muitas mais, mas guardo alguns “lemas”: a Sissi é muito mais rápida do que eu, eu não controlo por ser mais bruta ou gritar mais alto (a cadela não é surda e, já agora, tem nome), quanto mais calma estiver, mais calmo o cão está, quanto mais gentil eu for, melhor responde. Os comandos são fáceis de aprender, o estado de alma, tom e momento demoram uma vida e treina-se sempre.
Quem tem cães sabe que sorriem… E como sorriem na quinta do Sr. João ou nos treinos no Parque das Nações! Dá gosto ver os cães saírem dos carros… Acho que aqui não há treino que me valha, tamanha é a paixão… Lá vai, com um puxão, ter com o Sr. João.
Todos os dias quando pego na trela agradeço o dia em que fui ter com o Sr João à quinta no Cartaxo. O Senhor João tornou-se muito mais do que o treinador da Sissi. Salvou-nos de termos problemas e ensinou-me a apreciar a minha fantástica Cadela Dobermann Sissi.
Obrigada Sr. João.